26 de set. de 2009

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Acordei cedo, tomei o café da manhã e deixei o quimono já arrumado dentro da bolsa. A primeira luta oficial de Judô seria hoje. Não existia outro pensamento em minha mente a não ser o que fazer durante o combate. Meditei um pouco antes de começar a preparar o almoço. Tomei um banho e almocei em seguida. Estava pronto.
Cheguei um pouco antes do horário marcado. A luta aconteceria em uma cidade do interior. Logo depois, meu Sensei chegou. Depois de cumprimentá-lo, conversamos um pouco. Era visível meu nervosismo, pois eu temia a perspectiva de uma derrota vergonhosa, uma vez que eu só me tornei um judoca recentemente.
Percebendo minha ansiedade, pousou a mão sobre meu ombro e falou calmamente:
— Quando estiver no tatame, David, não se importe em ganhar ou perder; apenas dê o melhor de si. Eu já me sinto muito feliz por você ter aceitado encarar esse desafio.
Essas palavras trouxeram um alívio automático para meus receios. Confesso que o medo de falhar é o meu pior inimigo. E, se não o subjugasse ali, naquele instante, depois seria tarde mais.
Seus outros discípulos também se apresentariam. Johann¹ (14 anos) era faixa cinza. A de Yuri (17 anos) já era azul, em vias de tornar-se amarela. Diogo (30 anos) era um faixa laranja que já foi vice-campeão estadual. E André (23 anos), bem... ele era faixa verde. Mesmo treinando numa outra academia, aceitara participar da apresentação como forma de gratidão ao Sensei que o tornou campeão capixaba, sendo que, atualmente, estava em busca do bicampeonato.
Johann e Yuri iriam conosco, enquanto encontraríamos Diogo e André no local programado para o evento. A viagem foi bastante tranquila, mesmo que um pouco demorada. Com o grupo já completo, esperávamos nossa vez conversando sobre amenidades e, claro, golpes de Judô.
André contava como o Seoi Nage², que Flávio Canto aplicava, diferenciava-se um pouco do normal mas bastante eficaz. Minha mente voltou a pensar no desastre que eu seria no tatame, pois não tinha a força suficiente nem a qualidade técnica ainda para sobressair-me, quem quer que fosse meu oponente. Aliás, André já conhecia os nossos adversários e fez questão de afirmar que seríamos superiores a eles. Eu gostaria muito de acreditar nisso como meus colegas acreditavam, porém, eu ainda estava tenso demais para interiorizar essas palavras de confiança.
A hora da verdade se aproximava. Depois de mostrarmos os fundamentos principais do Judô, começaram as lutas. A primeira ocorreu entre Johann e um judoca de idade e proporções físicas bem semelhantes. Johann perdeu, contudo sabíamos que ele não tinha mostrado muito entusiasmo com a luta, já que lutaria em um campeonato de jiujutsu no dia seguinte. Então era a minha vez de entrar no tatame.
Antes de descrever minha luta, gostaria de resumir o resultado das posteriores: Yuri e André venceram (como era esperado), enquanto Diogo não teve oportunidade de lutar, já que o horário do evento se estendeu mais do que os organizadores previram.
Enfim, à ação. Meu adversário era bem jovem e faixa cinza, o que parecia uma dupla desvantagem para mim, realmente. Eu não consegui conter meu nervosismo e isso foi um erro grave: ao primeiro golpe, caí. Felizmente, foi apenas um Yuko³. Levantei-me quase entregue à derrota iminente, quando olhei para meu Sensei e vi um sinal de positivo. Pude ler seus lábios dizendo “Você consegue, cara!”. Respirei fundo. Veio à minha mente imagens de várias personagens que, heroicamente, se sobressaíram em situações tão adversas quanto à minha: Uzumaki Naruto, Kurosaki Ichigo, Pegasus Seiya, Cloud Strife...
Fui com tudo que eu tinha. Ele tentava encaixar alguns golpes de perna, todavia minhas pernas pareciam estar fixas ao chão, de tão firmes que estavam. Num lance de sorte, ele abriu sua defesa e pude fazer um Ouchi Gari¹ que o derrubou. No chão, eu imobilizei-o em tempo de conseguir um Ippon³. Levantei bastante feliz... Olhei para os lados e encontrei meu Sensei sorrindo, orgulhoso pelo meu feito!
Enfim, eu venci.


¹ Os nomes foram trocados para preservar a identidade alheia e minha integridade jurídica (não quero ser processado afinal de contas).
² Seoi Nage (Arremesso de um ombro só) é golpe de técnica de mão com o arremeso a partir do ombro (o famoso balão), enquanto Ouchi Gari (Grande varrida de perna) é golpe de técnica de perna que passa a perna entre as do adversário para desequilibrá-lo.
³Yuko é a menor pontuação atualmente no Judô, equivalendo-se a um terço de pontuação; enquanto Wazari equivale à meio ponto; e Ippon, o ponto completo, equivalendo-se a nocaute.

8 comentários:

Anônimo disse...

É, tb sou novo aqui ! =)
gostei desse texto tb, parabéns ! HAHAHHAHAH

eu preciso escrever mais ! abçs

Sílvio Júnior disse...

Pensei que vc não ia ganhar! Parabéns, superou expectativas !!! (risos)

Caco disse...

Parabéns David!

Perguntinha...

Seu nome é David mesmo?

Tô adorando esse trem de capítulo, rsrs.

O Gato de Cheshire disse...

hummmm
Parabéns Judoca... Eu ia fazer uma piadinha aki, mas prefiro fazer em offf, me lembra disso no msn...
hauahauahau
Bjkas...

Linda disse...

Parabéns!!!!
Estou aqui by Jay e Alê.
Começando nesse mundinho?! Seja bem vindo!!!

Voltarei!
Beijos e ótimo domingo!

@JayWaider disse...

Você consegue cara!!! Eu já disse isso pra alguém e cada um que já ouviu isso, sabe a diferença e a força dessa simples frase. você consegue cara!
Parabéns!
Bju nosso

Cibelle disse...

Deixei um Selo para você lá no meu blog, beijos...

Lady Vanilla disse...

Isso me lembrou dos meus tempos de Karatê, quando eu voltava toda roxa e dolorida das lutas e exames de troca de faixa... Saudades desse meu tempo disciplinado e de caminho de mãos vazias... Beijão pra você!!

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Reino enquanto houver um Reino.

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Aviso
Todas as pessoas mencionadas em meus textos tiveram seus nomes trocados para preservar a identidade alheia e minha integridade jurídica...
Afinal de contas, não quero ser processado!